>>21317Ah, esqueci de mencionar… quanto à inclusão e aversão aos preconceitos, acho que a minha geração já fez um trabalho razoável, e a atual está continuando isso e fazendo um trabalho ainda melhor, apesar de ser nela que surgiu a "resistência", ou melhor, a reação, de reacionário mesmo, que quer trazer os preconceitos de volta disfarçados de humor, liberdade de expressão, liberdade religiosa, etc. Mas só o fato deles precisarem disfarçar o preconceito já é um sinal de que alguma chavezinha fundamental foi girada, porque 70 anos atrás uma pessoa homofóbica jamais precisaria se explicar, mas sim a vítima é que precisava viver se explicando e engolindo sapos apenas por existir. Mas a minha geração cresceu vendo o Costinha na TV fazendo "piada de bichinha", o Mussum fazendo piadas com a própria cor da pele, o Jorge Lafond se colocando como piada pronta para ter espaço, piadas machistas sobre mulher ter que ficar na cozinha ou não saber dirigir serem humor rotineiro em programas de TV, o Casseta & Planeta ridicularizando as mulheres lésbicas… e hoje tudo isso soa datado, um tipo de humor que não teria mais lugar.
>>21326Sim, eu tenho visto uma tendência um pouco difusa, mas muito forte, das pessoas mais jovens não verem o trabalho como algo sagrado, mas sim um mero meio para atingir um objetivo. Isso tanto entre as pessoas do escritório, com diploma universitário, quanto meus colegas de chão de fábrica, que alguns nem terminaram o fundamental. É como se estivessem percebendo uma informação que era disfarçada e varrida para baixo do tapete, que é a de que para as empresas somos peças descartáveis, e por isso deveríamos ver as empresas como descartáveis também. Por isso a idéia de "se matar de trabalhar" está sendo combatida em tantas frentes, e o ideal dos nossos avós, de arranjar um emprego estável e passar o resto da vida nele até se aposentar, é uma realidade que deixou de existir há décadas mas persistiu como mito no senso comum.