Olá anãs! Queria saber oque vocês pensam sobre feminismo radical. Eu tinha ouvido falar sobre antes, mas só era gente descendo o cacete no movimento, mas quando fui pesquisar por conta própria vi que elas tem vários pontos validos. Não me considero radfem mas estou estudando sobre o movimento. Gostaria de saber o ponto de vista de vocês!
Concordo com você que ele tem pontos muito válidos, mas acho que tudo depende de como você aplica essa visão. Por exemplo, hoje em dia existe uma onda de pessoas que se declaram mulheres trans mas continuam se comportando e se apresentando como homens, e não estou falando de mulheres trans que não têm características tão femininas, e sim de homens barbados como esse da imagem. Essas pessoas estão invadindo espaços femininos que foram feitos exclusivamente para manter as mulheres protegidas e eu acho sim válido o feminismo radical ser contra isso.
Mas, apesar de eu também concordar que o gênero é uma construção social, não acho que cabe a ninguém desrespeitar uma pessoa que resolva se apresentar como trans ou não-binário, eu acho que as pessoas tem o direito de se enxergarem da forma que quiserem desde que não interfiram no espaço das outras, entende? Então não acho justo que algumas radfems sejam preconceituosas com mulheres trans legítimas ou com pessoas que se identificam como não-binárias, apesar de acreditar que devem haver regulamentações para espaços como banheiros femininos, por exemplo.
>>23409Acredito que o pessoal resume demais o feminismo radical a pura transfobia sendo que as coisas não são bem assim. Assim como a anã
>>23410 disse, há muitos homens querendo invadir espaços femininos com a desculpa de que não são homens (dizendo se encaixar no espectro de gênero mais feminino) e sendo igualmente misóginos. E é ainda mais bizarro quando você está dentro de espaços que se dizem "progressistas" e você realmente experiencia esse tipo de situação.
Não acho que o feminismo radical esteja errado, não, pelo contrário, acredito que é o único que realmente tem pontos válidos, diferente do feminismo liberal, por exemplo.
>>23410Eu e essa anã compartilhamos o mesmo cérebro. Essa é minha opinião também. Radical, pero no mucho.
Não quero que tonhões invadam os espaços que nós lutamos tantos anos para conquistar. Mas não quero que eles sofram só por se serem assim.
As trans deveriam se unir e criar o movimento delas e parar de achar que são do mesmo conjunto que nós, cis. Criar os espaços delas, as categorias do esporte delas e tudo mais. Não quero excluir ninguém, mas é nítido as diferenças de força e hormônios.
Tudo no fim vai se resumir ao homem e a violência dele. Por exemplo, não acho que nenhuma mulher normal teria problema de dividir um banheiro publico com uma trans que fosse extremamente feminizada. Nosso medo é que um tonhão de 1.90m de altura, barbudo e parrudo, entre de vestido e fique querendo abusar de mulheres e ninguém poder fazer nada porque ele é "mulher". Ou, ninguém quer ter que lidar com um homem tarado em um banheiro de família, que deveria ser só para pais de filhos. (O que também é hipócrita porque muita violência e exploração sexual é feita pelos próprios pais.). As nojeiras crônicas que de banheirão são exclusivos do mundo masculino.
O problema do mundo sempre serão os homens, ficar brigando com trans não é a solução. De resto eu concordo com a maioria dos pontos do feminismo radical: sou contra o patriarcado, sou contra a família tradicional, sou contra a violência de gênero, sou a favor da autonomia do corpo feminino e acredito que a sociedade precisa de uma reestruturação radical.
>reestruturação radical
Complicado, sempre que eu escuto sobre esse papo de desconstrução radical eu fico com um pé atrás, as relações sociais já são extremamente complexas e existem a vários séculos, uma reestruturação por completo já seria algo com consequências completamente imprevisíveis (se é que algo assim é possível), e mesmo assim o será posto no lugar? Acha mesmo que a sociedade está preparada para dar um salto como esse? Tudo isso é muito incerto
>>23415>>23414Esqueci de quotar você, anã.
>>23418Não é algo feito do dia pra noite, é uma revolução silenciosa. Toda hora a humanidade muda, o que eu quero é um direcionamento pra um mundo mais justo.
>>23414>O problema do mundo sempre serão os homens, ficar brigando com trans não é a solução.Essa história de que homens vão se declarar trans só para entrar em banheiro feminino e abusar de mulheres, pode até acontecer (de homem se pode esperar tudo), mas não é nem de longe o maior problema que as mulheres enfrentam. Não entra nem no top 10. Só no Brasil acontecem mais de 2 mil estupros por dia (isso em números oficiais, do crime mais subnotificado de todos), se um homem quiser abusar de mulheres ele vai lá e faz, invade casa, invade banheiro, na rua, não precisa usar roupa diferente nem se declarar mulher. Tudo isso soa demais como o pânico moral que a extrema direita adora usar, como se tivesse uma epidemia de pessoas trans estupradoras, quando na verdade os estupros estão acontecendo o tempo todo e sendo cometidos por homens, homens comuns, homens que a vítima conhecia e confiava, homens que não vestiriam roupas femininas nem se fossem pagos.
Tenho para mim que a extrema direita e a alt-right podem até não ter criado, mas alimentam sempre que podem essas animosidades entre grupos progressistas, incluindo trans versus radfems. Quanto por cento das pessoas no mundo são trans? Se todas essas pessoas desaparecessem hoje sem deixar rastros, o quanto a vida das mulheres iria melhorar? Mesmo assim parece que tem gente que perde o sono mais pelas trans do que pelos homens e pelo patriarcado. No fim do dia quem se beneficia dessas divisões são sempre os homens brancos, héteros e ricos, que continuam no topo de tudo. Ah, eles são cis também.
>>23441Você é feminista, amore.
>>23433É exatamente esse o ponto.
>>23444Não. Eu já li teoria feminista e sei que estou bem longe disso. Mas respeito a causa em alguns aspectos, como citei.
Eu me considero feminista, mas acredito que uma feminista “tradicional” talvez me visse como conservadora. Ironias à parte, já li bastante teoria feminista e admiro muito a lucidez das feministas radicais mais antigas. Acredito que devemos lutar pelo direito das mulheres, principalmente porque, em algumas partes do mundo, ainda somos tratadas como sub-humanas. É essencial extirpar essa mentalidade bárbara da sociedade.
Minhas influências incluem Mary Wollstonecraft, Simone de Beauvoir e Ayn Rand. Filosoficamente, sou uma feminista individualista – como libertária, naturalmente tenho mais apreço por autoras com uma visão libertária. Embora eu tenha estudado marxismo e não adote essa perspectiva, reconheço que as feministas marxistas trouxeram contribuições importantes para a história das mulheres.
Hoje em dia, sinto dificuldade com a infantilização das mulheres e a consequente vilanização dos homens. Isso, para mim, é reflexo da “idiotização” da sociedade como um todo, e não um fenômeno exclusivo das mulheres. Simone de Beauvoir estava certa ao observar que muitas mulheres buscam ser vistas como seres inofensivos e inocentes. Esse desejo por vitimização, além de desumanizante, é um desserviço para nossa autonomia e força.
As pautas identitárias, na minha opinião, enfraquecem lutas fundamentais das mulheres, como o combate ao estupro, ao incesto, à violência de gênero, além da busca por igualdade salarial e pela presença feminina em áreas de ciência e tecnologia (STEM). Isso também alimenta fenômenos como o “girl math” e a auto-infantilização, que considero retrocessos para a causa feminista.
Não sou transfóbica; já conheci mulheres trans, tanto no trabalho quanto na vida pessoal, e procuro entender suas lutas. No entanto, as enxergo como parte de uma vivência distinta da minha. Nasci mulher e enfrentei a violência de gênero desde a infância. A socialização masculina e os hormônios com os quais uma mulher trans cresceu são realidades diferentes das minhas, mas reconheço as dificuldades que enfrentam e busco acolher e compreender. Ainda assim, acredito que o feminismo, por definição, aborda questões que transcendem o gênero e se fundamentam nas experiências específicas das mulheres cis.
Como libertária, sou a favor do direito ao aborto, da posse de armas, e apoio a autonomia tanto para homens quanto para mulheres. Como mulher, sinto frustração, pena e até desprezo por aquelas que não buscam se aperfeiçoar, estudar e evoluir, e que perpetuam uma dependência masculina que acaba afetando negativamente todas nós.
Espero ter deixado clara minha visão sobre essas questões complexas. Recomendo o canal da Espectro Cinza por exemplo, é alguém que tem uma visão bem parecida com a minha.
>>23464É por causa de gente como você que pessoas trans existem.
>>23415Discordo. Muito das coisas que temos atualmente como 'existentes há vários séculos' são, na verdade, adventos de poucas décadas. Recomendo ir atrás de materiais historiográficos e sociológicos.
>>23433Concordo plenamente, esse é o problema com o feminismo radical e sua caça às mulheres trans, que são vítimas da misoginia tanto quanto nós.
Tem algumas raras ideias boas, mas overall acho coisa de puta, tal como o feminismo liberal
>>23453Concordo com todos os pontos que você deu