Quando a suprema corte americana revogou Roe Vs. Wade, muitos estados republicanos já tinham leis engatilhadas que entrariam em vigor imediatamente proibindo completamente o direito ao aborto em seus estados. O que afeta a vida de muitas mulheres, mas não elimina o "problema" de que para muitas delas basta entrar em um carro e viajar uma hora, ou duas ou três, e estará em outro estado onde o aborto é legalizado e acessível. Na época se discutiu bastante a possibilidade de criar leis obrigando as mulheres a fazerem exames na ida e/ou na volta de viagens interestaduais para comprovar que não estariam indo abortar. Até onde sei nada disso foi adiante, mas exemplifica o que disse acima: sem violar a privacidade das mulheres não há como impedir todas de abortarem. Brasileiros de direita falaram em alguma lei semelhante quando a Argentina legalizou o aborto em 2020.
Also, nos EUA já existem casos de mulheres usuárias de drogas sendo presas durante a gravidez, isso mesmo, presas sem ter cometido crime algum, porque autoridades conservadoras ficam com medo que elas usem drogas durante a gestação e assim prejudiquem o feto.
Em 2021, um feto foi achado em um aeroporto no Catar e todas as mulheres em um avião, fossem da tripulação ou passageiras, nacionais ou estrangeiras, foram forçadas a se submeter a um exame íntimo na tentativa das autoridades de encontrar quem havia abortado. Para reprimir o aborto com eficácia, é necessário violar sistematicamente a intimidade das mulheres.
Em 2013 no Brasil uma mulher, evangélica e que queria ser mãe, descobriu estar com câncer e logo em seguida descobriu estar grávida. Mesmo sofrendo muito, não havia escolha: radioterapia e quimioterapia, que ela teria que fazer se quisesse sobreviver, são verdadeiras bombas no corpo humano, tem grandes chances de provocar aborto ou malformações no feto, especialmente em estágios iniciais da gravidez como era o caso. Ela entrou na justiça e conseguiu quase automaticamente autorização para interromper a gravidez e poder se tratar. Ao saber disso, uma pastora e advogada de nome Damares Alves (que anos depois viraria ministra) entrou na justiça com uma liminar tentando revogar essa autorização, porque no entender dela a mulher deveria ser obrigada seguir com a gravidez, mesmo que isso pudesse custar sua vida. A justiça negou a liminar de Damares. Para banir totalmente o aborto, até mesmo o direito das mulheres à saúde e à vida precisam ser violados.
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